A crise dos mísseis e o recrudescimento da Guerra Fria

Dilmar Ferreira *

O fim da Segunda Guerra Mundial levou o mundo à bipolarização entre os EUA e a URSS, uma frenética disputa entre o capitalismo e o comunismo, distante da China atolada em uma grande pobreza interna, com milhares de miseráveis e a divisão entre a China Continental e Formosa tomada pelos rebeldes. EUA e a URSS foram as duas potências que venceram juntas e divididas o império de Hitler e Mussolini, dois antigos aliados separados ideologicamente, por isso não entravam em guerra, mas também não podiam ser aliados. Assim nasceu a chamada Guerra Fria, que ganhou maiores proporções após a vitória de Fidel Castro e depois de sua opção pelo socialismo, às portas dos Estados Unidos.

A vitória dos chamados “Barbudos” sob o comando de Fidel Castro se deu no início de janeiro de 1959, com a fuga do então presidente Fgencio Batista, militar que governava Cuba como ditador até ser deposto por Castro, mesmo sendo apoiado pelo governo dos Estados Unidos.

Com o ex-ditador de Cuba Fugencio Batista, alguns milhares de cubanos pediram exílio nos EUA, em especial na Flórida, temendo por represália por parte do novo governo.

Dwight D. Eisenhower

A vitória dos “Barbudos” comandados pelo advogado Fidel Castro nunca foi aceita pelo presidente dos Estados Unidos Eisenhower (foto ao lado) que estava no final do seu segundo mandato. Mesmo assim Eisenhower determinou que a CIA arregimentasse o máximo de cubanos refugiados na Flórida para uma invasão à Cuba para derrotar o exército de Fidel, mas os EUA não poderia aparecer. Assim a CIA arregimentou mais de 1500 homens, aviões, navios, armas e muita comida para uma planejada invasão com desembarque na Bahia dos Porcos, em Cuba. O treinamento dos cubanos demorou muito e o mandato de Eisenhower chegou ao fim.

Com a posse de Kennedy, o novo presidente dos EUA refez todo o planejamento da invasão, dividindo em duas frentes. O que os invasores não sabiam é que Fidel Castro conseguiu infiltrar espiões entre os invasores e quando estes chegaram ao destino, o exército de Castro já os esperava com tanques, aviões e milhares de homens.

Depois de três dias de lutas, o Exército de Fidel Castro expulsou os invasores, depois de destruir aviões, navios e muitos mortos. Mais de mil prisioneiros foram levados para a capital e milhares de cubanos residentes na ilha e que colaboraram com os invasores foram também presos, julgados e condenados.

Depois da fracassada invasão patrocinada pelos Estados Unidos, o governo de Fidel Castro aproximou da União Soviética, que passou a proteger o regime de Fidel Castro que adotou o comunismo como forma de governo na Ilha.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se a Guerra Fria entre EUA e URSS, duas potências nucleares. Os EUA havia colocado ogivas nucleares na Turquia, portanto próximo a Moscou, o que tirava o sono dos Soviéticos, que tinham como líder maior Nikita Khrushchev (foto ao lado de Fidel Castro.

A fracassada invasão dos rebeldes cubanos refugiados na Florida com o patrocínio do Governo dos EUA, foi a gota d´água que faltava para que Cuba se aliasse definitivamente à URSS e era tudo que Nikita Khrushchev precisava parra confrontar os americanos com sua política de mísseis balísticos na Turquia.

A decisão de Fidel Castro de implantar o regime comunista na ilha, aproximou o regime castrista de Moscou. Khrushchev, então presidente da União Soviética aproveitou para estabelecer uma profunda cooperação com Cuba e em contra partida o governo de Fidel Castro aceitou que o governo de Moscou construísse uma base de míssil balístico na ilha que fica a 140 quilômetros da Flórida (EUA). Tudo estava sendo feito em segredo, até que no dia 14 de outubro de 1962 um domingo tranquilo para a maioria dos americanos, mas não para o piloto Richard Heyser. que estava pilotando o avião espião U-2 sobre Cuba nas primeiras horas daquela manhã. Sua missão era verificar as suspeitas e informações que os EUA tinham sobre a presença de armas soviéticas na ilha. Seis minutos de voo foram suficientes para tirar as primeiras 928 fotos que comprovavam a manutenção do armamento. No dia seguinte, o Centro de Interpretação Fotográfica Nacional da CIA identificou componentes de mísseis balísticos de médio alcance em um campo de San Cristóbal, na província de Pinar del Río, no oeste da ilha. Foi ai que o presidente Kennedy entendeu que a crise era de fato algo dantesco.

O presidente Kennedy convocou o seu grupo de auxiliares mais próximos para uma reunião de emergência na Casa Branca e solicitou um estudo urgente para apontar algumas opções para a crise. O grupo indicou que o presidente negociasse com Khrushchev e secretamente com Fidel Castro. Ambos fizeram exigências para colocar fim à construção da plataforma de lançamento de mísseis em Cuba, já que a população dos EUA estava em pânico e já havia corrida aos supermercados para abastecer os os poucos abrigos contra uma possível guerra nuclear.

A retirada dos mísseis foi acertada entre Khrushchev e Kennedy, mas nada foi atendido quanto às reivindicações de Fidel Castro, o que levou ao esfriamento das relações Havana com Moscou. No entanto o mundo se livrou do primeiro grande perigo de uma catástrofe nuclear, no entanto o ovo da serpente continua sendo chocado, agora em vários ninhos e em várias partes do mundo.

Dilmar Ferreira

Jornalista, historiador e pesquisador

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