Levantamento do CIEAM aponta os efeitos da Grande Seca nas indústrias de Manaus no final de 2023

  • Em novembro, as atividades econômicas do estado apresentaram um desempenho negativo devido aos impactos da Grande Seca
  • Em dezembro, as importações para o Polo Industrial de Manaus não apresentaram recuperação suficiente para garantir a normalização do fluxo das cargas retidas nos portos anteriores a Manaus

A edição de janeiro do Painel Econômico do Amazonas (PEA), levantamento realizado pelo Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (CIEAM), divulgado no último dia 31 de janeiro, apresenta uma análise da economia amazonense para os meses de novembro e dezembro, trazendo também alguns dados relevantes sobre o ano de 2023. O estudo mostra que o principal destaque dos últimos meses continua sendo o crescimento do nível de empregos que atingiu um volume de 500 mil postos de trabalhos ocupados até dezembro, o que representa um recorde histórico para a região.

O índice IBCR-AM apontou uma queda de 1,94% na economia amazonense entre novembro de 2022 e outubro de 2023. A pesquisa feita pelo IBGE abrangeu os setores da Indústria, Comércio, Serviços e Agropecuária. “O menor desempenho em novembro veio da indústria que sofreu com o impacto da falta de estoque e baixa na movimentação dos portos devido à Grande Seca. Porém, vale destacar que o comércio continuou usufruindo da queda da inflação e taxa de juros menor. Mesmo com este cenário, em 2023, atingimos recordes de empregos formais no Amazonas”, explica Luiz Augusto Rocha, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM).

No mês de novembro, o desempenho da Indústria Geral do Amazonas apresentou uma queda de 11,59% em relação ao mês de outubro e de 10,29% no ano de 2023. “Essa baixa mensal e anual é resultado dos impactos da Grande Seca na produção industrial. É importante lembrar que, no mês de outubro, as fábricas tinham um bom nível de estoque acumulado, porém, não contavam que a seca seria tão severa a ponto de interromper a navegação de grande porte por dois meses. Por isso, em novembro, algumas fábricas foram obrigadas a consumir boa parte do estoque de insumos e acabaram diminuindo a sua produção”, conta Luiz.

Desempenho das indústrias do Amazonas

A atividade econômica do Amazonas em novembro apresentou forte desempenho negativo pelos maiores impactos da Grande Seca. As empresas locais, sobretudo do Polo Industrial de Manaus, continuam experimentando prejuízos diante das restrições. A performance dos subsetores das indústrias do Amazonas também tiveram um grande impacto devido à seca. Porém, no mês de novembro o setor de bebidas registrou um aumento de, aproximadamente, 17%. Já a produção de insumos derivados do petróleo cresceu 2% no período. Os setores que mais sofreram os impactos da seca foram os de equipamentos de informática e máquinas e equipamentos, com queda de 30%, já os de aparelhos e materiais elétricos reduziram a sua produção em 24%. 

“Em dezembro, as importações de Manaus não apresentaram recuperação suficiente a ponto de garantir a normalização do fluxo e plena resolução das cargas retidas nos portos”, ressalta o presidente do CIEAM.

Setor de informática se destaca e produção de motocicletas aumenta

Segundo dados da SUFRAMA, o mês de outubro teve como destaque três principais setores: duas rodas, eletrônicos e bens de informática. Uma boa surpresa foi o aumento do faturamento de Informática, que cresceu 13% no mês de outubro. Já o cenário do setor de duas rodas foi inverso, mesmo com um pequeno aumento na produção teve uma relevante queda de 8% no faturamento.

“Mesmo com essa queda, em dezembro a produção de motocicletas do Polo Industrial de Manaus aumentou em 38%. “Entre os meses de dezembro e fevereiro a produção de motocicletas costuma diminuir, porém em dezembro de 2023 a redução não foi tão forte como em 2022. A evolução da produção de motocicletas em Manaus foi mais direcionada pelo mercado do que pelas restrições da seca. Mesmo com a seca, o setor de duas rodas viveu em 2023 um dos seus melhores anos, com 3,8 milhões de motocicletas produzidas”, comemora.

Empregos formais seguem em alta

Números divulgados pelo Ministério do Trabalho indicam que a queda na produção não afetou os empregos totais na Indústria. O nível de empregos formais do Amazonas no mês de novembro teve um recorde histórico com 499 mil vagas ocupadas, um acréscimo de 1.969 mil em relação ao mês de outubro. “Na indústria de transformação, 386 vagas foram criadas. O crescimento dos empregos deve-se sobretudo às áreas de comércio e serviços”, acrescenta.

Conclusão da Grande Seca de 2023

As empresas do Polo Industrial de Manaus tiveram um prejuízo de aproximadamente R$ 1,4 bilhão em consequência das despesas logísticas extraordinárias (transbordo, estadia e frete) pelo redirecionamento dos insumos devido à interrupção da navegação de grande porte para Manaus. Com base no volume tradicionalmente previsto para os meses de outubro e novembro, estima-se que as empresas deixaram de importar o equivalente a US$ 1 bilhão em mercadorias, que foram retidas nos portos locais e aguardavam a retomada da plena navegabilidade.

Sobre o PEA

O Painel Econômico do Amazonas é uma análise da conjuntura econômica do Amazonas elaborada mensalmente pelo CIEAM com base em informações públicas de instituições como IBGE, Suframa, ComexStat e Abraciclo, além de utilizar dados oficiais do Ministério do Trabalho e Emprego. O principal dado disponível para análise é o IBCR-AM, número-índice publicado mensalmente pelo Banco Central como versão regionalizada do IBC-Br, a estimativa mensal do PIB brasileiro. O Banco Central compõe o IBCR-AM pelos resultados das pesquisas mensais efetuadas pelo IBGE, incluindo os principais setores da economia: Indústria, Comércio, Serviços e Agropecuária.

Sobre o CIEAM

O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM) é uma entidade empresarial com personalidade jurídica, ligada ao setor industrial, que tem por objetivo atuar de maneira técnica e política em defesa de seus associados e dos princípios da economia baseada na Zona Franca de Manaus (ZFM).  Implementada pelo governo federal em 1967, com o objetivo de viabilizar uma base econômica no Amazonas e promover melhor integração produtiva e social entre todas as regiões do Brasil, a Zona Franca de Manaus é um modelo de desenvolvimento regional bem-sucedido que devolve aos cofres públicos mais da metade da riqueza que produz. Atualmente, são 600 empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), que geram mais de 500 mil empregos, diretos e indiretos, e garantem a preservação de 97% da cobertura florestal do Amazonas. Em 2022, movimentou mais de 177 bilhões, um aumento de 12% em relação ao ano anterior.

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