Prevenção ao suicídio: especialista explica como a concientização sobre o tema pode minimizar comportamentos de risco entre adolescentes

Segundo o psiquiatra Thales Paim, campanha é o momento para as famílias se informarem sobre os sinais de depressão em crianças e jovens, que tiveram mais de 40% de aumento nas taxas de mortalidade no Brasil

O dia 10 de setembro marcou o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, uma data que traz à tona o recado de que pedir ajuda é um ato de coragem e força. A cor amarela ganha destaque em todo o mundo e o lema do ano é divulgado em todos os lugares: “Se precisar, peça ajuda!”. Com o Setembro Amarelo, espera-se não apenas reforçar uma mensagem para a população, mas sim criar um ambiente mais empático para todas as pessoas que enfrentam desafios emocionais e psicológicos. A campanha é especialmente importante para ensinar famílias a identificarem comportamentos de riscos em adolescentes, que atualmente são um dos grupos mais vulneráveis à ansiedade e à depressão.

Estatísticas da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgadas em 2019, revelam que, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia no Brasil. Mais preocupante ainda, uma pesquisa realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde, ligada ao Ministério da Saúde, concluiu que houve um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade por suicídio de adolescentes de 15 a 19 anos no período de 2016 a 2021, enquanto entre os adolescentes de 10 a 14 anos, o aumento foi de 45%. Os números são alarmantes e ressaltam a urgência de ações efetivas para a campanha anual de prevenção ao suicídio.

“Os adolescentes enfrentam uma série de desafios únicos, como a pressão escolar ou acadêmica, a busca por uma identidade em seu círculo de amizades e, especialmente hoje em dia, a exposição e a comparação a outros indivíduos nas redes sociais. São pontos que aumentam a vulnerabilidade dos jovens com questões de autoestima e sociabilidade. E famílias que não compreendem seus adolescentes neste período tendem a envolvê-los, ainda mais, no desespero por vencer suas dificuldades pessoais”, afirma Thales Paim, psiquiatra e especialista em Terapia de Família.

Ao contrário do que muitos pensam, os sinais da depressão não envolvem apenas a gravidade dos pensamentos suicidas ou a automutilação. A progressão do distúrbio começa quase imperceptível, como em oscilações frequentes de humor, irritabilidade ou tristeza permanente, afastamento social, perda de interesse em atividades que eram prazerosas, insônia ou sono excessivo, ganho ou perda de peso e declínio no desempenho escolar.

Diante desses sinais, é fundamental que os adolescentes recebam o suporte de amigos e familiares que, com as ações do Setembro Amarelo, podem ter mais informações sobre depressão ou outros conflitos internos, capacitar-se a abordar esses assuntos dentro de casa e, principalmente, orientá-los a procurar uma ajuda adequada, com o acompanhamento profissional integrado do psicólogo com o psiquiatra.

“A depressão é uma condição tratável, e o suporte adequado pode fazer toda a diferença. Não é só o adolescente que precisa entender os seus próprios distúrbios, até porque, na maior parte dos casos, ele nem saberá como agir para resolvê-los. Mas com uma rede de apoio que o acolha e procure se informar sobre a depressão, é fácil para o jovem enxergar, junto com suas pessoas mais próximas, novas oportunidades para melhorar”, defende Paim.

Durante todo este mês, a campanha do Setembro Amarelo disponibiliza cartilhas, palestras, eventos, ações educativas nas escolas e anúncios na mídia para promover o maior número de informações sobre prevenção ao suicídio de jovens e adultos. Além disso, a iniciativa realiza o treinamento de gatekeepers, preparando educadores ou líderes comunitários que consigam identificar sinais de alerta e encaminhar os adolescentes para ajuda profissional.

Sobre Thales Paim:

Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo e especializado em Psiquiatria pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Thales Paim é especialista em Dependência Química e Terapia de Família e coleciona uma série de participações em congressos internacionais de Psiquiatria e Neurologia. Além de consultas presenciais em São Paulo, o psiquiatra também trabalha com o formato de telemedicina para pacientes de todo o Brasil.

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