Diversão off-line: como manter crianças longe das telas

Poder de equipamentos eletrônicos sobre cérebro infantil pode ser combatido com criatividade e proposta de atividades que exijam movimento

Há algum tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições mundo afora vêm emitindo alertas a respeito do tempo gasto por crianças e adolescentes em frente às telas de aparelhos eletrônicos. É uma discussão já gasta, mas que parece cada dia mais distante de acabar, visto que o apelo dos meios digitais junto a esse público é especialmente difícil de ser combatido. Mas, com um pouco de criatividade, pais e responsáveis podem vencer essa batalha. 

Uma das dicas é estimular a realização de atividades físicas, seja dentro de casa ou ao ar livre. De acordo com a gerente de Formação do Sistema Positivo de Ensino, Alessandra Samaan, manter os pequenos em movimento é indispensável para combater o sedentarismo e garantir um desenvolvimento adequado em todas as fases da vida. “Estudos recentes demonstram que o tempo gasto em frente às telas é prejudicial à saúde porque ocasiona um excesso de estímulos. Isso vale para os smartphones, a televisão, os tablets e os videogames”, explica. A recomendação da OMS é de que menores de dois anos de idade não tenham acesso a telas em momento algum do dia. Entre os dois e os cinco anos, o tempo máximo deve ser de uma hora por dia e, dos seis aos dez anos, de duas horas por dia. 

Aliadas ao tempo reduzido de exposição aos eletrônicos devem estar, ainda, uma alimentação saudável e adequada à idade, bem como a manutenção de uma boa rotina de sono. “Quando falamos em qualidade do sono, as telas podem ser grandes vilãs, principalmente quando utilizadas à noite. A luz emitida pelos aparelhos atrapalha, nesse sentido, e atrapalha muito no desenvolvimento infantil”, afirma. Combater esse mal pode se tornar mais fácil seguindo algumas dicas que levam em conta as diferentes faixas etárias. 

Entre dois e três anos de idade 

A criatividade precisa ser o fio condutor de toda e qualquer atividade proposta às crianças e adolescentes. Isso porque o desafio é superar o interesse que eles têm nas telas extremamente atraentes dos smartphones e videogames. Uma boa ideia pode ser utilizar caixas de papelão de vários tamanhos para construir cenários de teatro ou circuitos que possam ser percorridos por crianças de dois a três anos de idade. Elas podem até mesmo ajudar na construção desses “brinquedos”, o que já se torna parte da brincadeira. Atividades antigas, como “estátua” e “morto-vivo” também são recomendadas, porque estimulam a movimentação corporal, ajudando a ganhar coordenação motora e equilíbrio. 

Entre quatro e cinco anos de idade 

Materiais recicláveis são uma excelente fonte de diversão, quando bem utilizados. Uma boa ideia é manter uma caixa com esses materiais disponíveis, além de tinta, massinhas e papéis de diferentes tamanhos e texturas. Assim, os pequenos podem soltar a imaginação e construir bonecos, robôs, carros, entre outros. Propor atividades que envolvam dança, corrida e outros movimentos corporais, como “esconde-esconde” e “pega-pega”, é uma maneira divertida de mantê-los ativos. 

Entre seis e oito anos de idade 

Nessa fase da vida, as crianças começam a ter uma compreensão mais complexa do mundo que as cerca. Por isso, uma boa alternativa pode ser a troca de experiências com os pais, irmãos mais velhos, tios e avós a respeito das brincadeiras que faziam sucesso em outros tempos. Depois do papo, toda a família pode se envolver na reprodução de algumas dessas brincadeiras, o que, além de contribuir para manter as crianças em movimento, ajuda a trazer um momento de diversão em família. 

Entre nove e 12 anos de idade 

Aqui as crianças entram em uma fase que pede ainda mais dedicação dos pais e responsáveis. Afinal, as telas são cada vez mais utilizadas pelos amigos da escola, por exemplo, e qualquer atividade que vá competir com elas precisa chamar a atenção. Treinar coreografias é um exemplo de atividade que coloca o corpo em movimento e pode ser atraente nessa faixa etária. Elástico, corda e jogos com bola, como a queimada ou bobinho, também podem ser incentivados. 

Depois dos 12 anos de idade 

Quanto mais velha a criança, mais difícil mantê-la afastada dos aparelhos eletrônicos, que estão ao alcance das mãos não apenas dentro de casa, mas também nas casas dos amigos e até mesmo na escola. Mas, na adolescência, o excesso de telas é especialmente perigoso e está associado ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade. Para evitar esse problema, a saída pode ser estimular a descoberta de esportes que funcionem como hobbies, como o skate, a patinação e a bicicleta, entre outros. Participar de treinos de futebol e outros esportes coletivos também é uma forma de conviver com adolescentes da mesma idade e, assim, desenvolver boas habilidades de relacionamento. 

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