Muito além de pacientes paliativos: entenda quem pode usar um hospital de transição

Um hospital ou uma clínica de transição são uma espécie de ponte entre o hospital geral e a casa do paciente. Trata-se de uma instituição dinâmica, literalmente relacionada a um processo transitório. Mas, afinal, quem pode usar um hospital de transição? Antes de tudo, já vale ressaltar que essas instituições não são apenas para pessoas que precisam de cuidados paliativos. O tema vai muito além. 

A função de um hospital de transição é proporcionar um cuidado de qualidade, recorrendo a todos os recursos necessários. Dentro desse contexto, existem diferentes tipos de pessoas que se encaixam.

Normalmente, as pessoas têm a ideia de que existem duas portas de saída, após um período de internação hospitalar. Porém, não é bem assim. Além do hospital e do home care ou das casas de repouso, há uma terceira via. 

Esse estágio intermediário entre os hospitais de cuidados agudos e os modelos de atenção domiciliar é atendido pelos hospitais de transição, que, assim como a assistência domiciliar e ambulatorial, estão inseridos no modelo de cuidado pós-agudo. 

Eles são cruciais para evitar que pacientes que não estão aptos a voltar para casa e retornar às suas atividades sejam mantidos internados em um hospital de alta complexidade sem real necessidade. 

Média permanência

Os hospitais de transição diferem-se de uma instituição de longa permanência, como casas de repouso ou instituições asilares, por atuarem num modelo de média permanência (60 a 90 dias). Também requerem uma estrutura menos complexa e demandam menores investimentos em tecnologias de equipamentos do que um hospital de alta complexidade, que por sua vez oferecem serviços avançados de diagnóstico e tratamento para pacientes com doenças agudas, complexas e graves.  

Outra diferença básica é o foco de atendimento. Enquanto o hospital de transição é voltado para a reabilitação e o fim de vida, uma instituição de saúde tradicional procura o diagnóstico e tratamento de doenças complexas e graves.

Embora o tamanho e o tipo de desafio possam variar, podemos ser enfáticos e dizer que o objetivo de um hospital de transição é receber o paciente e resolver um problema. 

Isso pode significar a plena recuperação ou o máximo de ganho de funcionalidades, controles vitais e independência possíveis, diminuindo o tempo de internação hospitalar tradicional, melhorando o estado de saúde e devolvendo esse paciente para sua família em condição estável. Ou, então, fornecer todo o suporte para um fim de vida com dignidade, conforto, controle de sintomas, apoio à família, etc. 

Para isso, a linha assistencial segue uma abordagem por metas de cuidados para atender pacientes dependentes de cuidados médicos complexos, que podem ser reabilitação oral, decanulação traqueal, desmame de ventilação mecânica, controle de tronco, deambulação, capacitação de cuidadores, controle de dor, entre outros. 

Quem pode usar

Pensando nessa abordagem, são inúmeros os tipos de pacientes que podem se beneficiar de um hospital de transição, de acordo com a Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição (Abracht).

Um hospital de transição pode ser utilizado por diferentes tipos de pacientes, em diversas situações, como os pacientes em recuperação pós-cirúrgica. Após uma cirurgia, alguns pacientes podem precisar de cuidados médicos contínuos antes de receberem alta para retornar ao ambiente domiciliar. Um hospital de transição oferece um local adequado para monitorar a recuperação, gerenciar a dor, fazer curativos e ajustar a medicação, se necessário.

Pacientes em reabilitação de uma lesão grave, como um acidente ou trauma, podem se beneficiar de um hospital de transição. Nesse ambiente, eles recebem terapia física, ocupacional e outras formas de reabilitação para ajudá-los a recuperar a funcionalidade e a independência antes de retornarem para casa.

Pacientes com doenças crônicas, sejam elas cardíacas, pulmonares ou renais, podem precisar de cuidados médicos intensivos por um período antes de voltarem para casa. O hospital de transição pode oferecer suporte médico especializado, ajuste de medicação, monitoramento e educação sobre o manejo da doença para ajudá-los a se estabilizarem antes da alta.

Pacientes idosos que estão saindo de um ambiente hospitalar agudo e precisam de cuidados médicos contínuos antes de retornarem para casa podem usar um hospital de transição. Essa fase permite que os familiares ou cuidadores organizem a assistência domiciliar, ou tomem providências para a transferência para uma instalação de cuidados de longo prazo, se necessário.

Pacientes em cuidados paliativos, que enfrentam doenças graves e progressivas, podem usar um hospital de transição para receber cuidados especializados durante essa fase da vida. Esses hospitais oferecem suporte para o controle dos sintomas, conforto, apoio emocional e coordenação de cuidados no final da vida.

É importante observar que a elegibilidade para o uso de um hospital de transição pode depender das políticas e diretrizes específicas de cada instituição.

Os hospitais de transição são projetados para atender às necessidades de pacientes que estão em uma fase intermediária de recuperação ou transição de cuidados, oferecendo um ambiente adequado e suporte médico necessário para a próxima etapa de cuidados.

SOBRE A ABRAHCT

A Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição (ABRAHCT) representa e congrega as instituições que atuam no cuidado a pacientes que se recuperam de enfermidades agudas e ainda não estão aptos para retornarem para casa. Utilizando equipes multidisciplinares especializadas em programas de recuperação e reabilitação, em ambiente bem mais tranquilo e acolhedor, apoiam familiares e cuidadores em um momento de alta demanda de cuidados.

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