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Mulheres são as que mais sofrem risco de ter osteoporose e artrite após menopausa

Ortopedista alerta que alterações hormonais comuns ao sexo feminino podem comprometer a absorção de cálcio e fortalecimento da musculatura

São Paulo, março de 2024 – Desde a primeira menstruação, a menarca, as mulheres passam por alterações hormonais que causam efeitos diversos no corpo. Do ponto de vista ortopédico, a partir do climatério – período que sucede a menopausa (última menstruação) – a mulher sofre alterações ósseas relacionadas à absorção de cálcio, às alterações de vitamina D, de estrógeno e progesterona.

Essas alterações hormonais, que levam à diminuição do cálcio nos ossos, provocam uma primeira incidência de osteoporose, já em torno dos quarenta e cinquenta anos. De acordo com o médico ortopedista Cleber Furlan, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), há um segundo pico de incidência, por volta dos 70 anos, que está relacionada ao envelhecimento e aos efeitos de diminuição da absorção de cálcio e alterações gastrointestinais. 

Por influência hormonal e em razão de fatores genéticos, a cartilagem das articulações das mulheres tende a sofrer um desgaste mais precoce do que o observado no corpo masculino. O médico especialista ainda alerta que indivíduos de descendência europeia estão mais suscetíveis à baixa absorção de cálcio e de vitamina D, e na mulher essa condição predispõe a uma maior incidência das alterações hormonais. 

Nessa direção, a massa muscular determina uma tração nos ossos e estimula seu fortalecimento. O corpo feminino, por sua vez, detém uma quantidade menor de massa muscular, o que agrava a perda óssea e desencadeia alterações nas cartilagens, motivadas pelo impacto e sobrecarga dessas estruturas. Nesses casos, os riscos variam de fraturas leves a uma maior vulnerabilidade a quedas, o que pode acarretar fraturas do fêmur, dos ombros e da coluna – gerando também problemas de abaulamento, protusões e hérnias, resultando no desgaste das estruturas da coluna (discos vertebrais, articulações). 

“Pensando no século passado, os homens exerciam mais trabalhos braçais do que a mulher. Hoje, reconheço que há uma diminuição constante da força laboral, porém essas alterações vão acarretar um impacto maior a pessoas que são sedentárias. E para mulheres com hábitos modernos de sedentarismo e tabagismo, as alterações são maiores e mais graves”, notifica o ortopedista. 

Outro fator importante a ser considerado são as mamas, que a depender do tamanho podem desequilibrar a musculatura e desencadear problemas da coluna. Aliás, a colocação de próteses de silicone provoca alterações posturais e, devido a processos inflamatórios, desgastes e alterações biomecânicas que são pertinentes ao envelhecimento da coluna e mais proeminentes no corpo feminino, influencia em uma maior incidência de hérnia de disco, principalmente na chegada aos 60 anos.

Em idades mais avançadas, a prática de exercícios de impacto sem qualquer orientação ou controle pode gerar lesões crônicas no tendão, resultando em inflamações, bem como problemas nas articulações dos ombros ou nos cotovelos gerando artrites, que podem deformar os dedos e as mãos. Em alguns casos, inclusive, a condição pode se agravar em desgastes prematuros dessas articulações que, junto às alterações hormonais, desencadeiam quadros de osteoporose e osteopenia.

Quem é Cleber Furlan? 

Médico ortopedista há mais de 20 anos, o Dr. Cleber Furlan é também Mestre em Ciências da Saúde pela FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e Doutorando em Cirurgia pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Furlan é especialista em Cirurgia do Quadril, bem como membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Quadril. 

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